Após esta introdução tenho de falar um pouco de mim, pois o que me
legitima a fazer este compilar de ideias e vivência é o facto de me ter
dedicado a esta causa durante mais de 16 anos, sim 16... Dos quais durante 9
fui o representante máximo da Mui Nobre Casa onde entrei, ENGENHARIA. Fui
DUX-FACULTIS de ENGENHARIA durante 9 anos e tive de comandar o destino da
tradição nesta Casa. Tive de tomar decisões, o que não está ao alcance de
todos, infelizmente, dado que implica assumir a responsabilidade dos seus actos
algo que hoje em dia e neste país está em desuso rápido. Fui nomeado (e não
eleito, explicarei isso mais tarde) na minha 7ª matrícula, fazendo de mim um
dos DUXES nomeados mais cedo e estive durante este tempo sendo um dos que
estiveram mais tempo no cargo. Deixei de estudar activamente cedo pois tive de
trabalhar para me "sustentar", e não, não sou um cábula como dizem,
mas isso não interessa, quem anda na FEUP sabe o que lá pode acontecer nesta
"democracia" onde a "igualdade" é tão importante. Poderão
achar o meu discurso amargo, mas não é, é apenas desiludido por não ter tido
direito à diferença.
A minha saída
deveu-se a um conjunto de factores relacionados com uma decisão que a maioria
achou errada, pois isto não foi feito para maiorias, a Tradição Académica é
elitista, não tivesse ela herdado e sido criada numa elite (elite intelectual).
E não é democrática, pois a democracia nada tem a ver com mérito, pois a Praxe
no estado puro defende o mérito, ao contrário do que dizem os detractores,
podemos ver que existem uma diferenciação positiva entre os que conseguem
seguir o curso e tenham obtido sucesso académico e o que não o fizeram. A
questão dos VETERANOS deve-se apenas a uma "coisa" que existe em
qualquer comunidade, seja ela humana ou não, há uma natural prevalência dos que
têm mais experiência e que estejam mais tempo, pois estes são os únicos a
defender e transmitir devidamente as experiências da mesma comunidade e evitar
a repetição de erros - chama-se TRADIÇÃO. Estes factores fazem com que a Tradição
Académica (Praxe) tenha sobrevivido ao longo dos tempos sendo sempre vista como
um contra-poder dado a sua estruturação e eficiência em se renovar. É verdade,
durante o estado novo era um "antro comunista" e a partir do dia 25
de abril de 1974, apenas com a mudança de calendário passou a ser um
"antro reaccionário". Tudo muda para se manter na mesma e a verdade é
que tudo mudou para se manter na mesma, quer na Praxe, quer no que está à sua
volta, apenas cresceu um aproveitamento comercial dado a sua dimensão.
Mas voltando à
exposição de idéias, a Praxe tem uma vertente pequena mas muito visível e
polémica chamada "Recepção ao caloiro" (caçoada ao caloiro, gozo ao
caloiro, etc...), esta vertente polémica deve-se ao constante desvirtuar e
exposição destas prácticas - PRAXE (PRAXIS (leia-se prácsis), do grego πράξις,
é o processo pelo qual uma teoria, lição ou habilidade é executada ou
praticada, se convertendo em parte da experiência vivida. Na Sociologia pode
ser resumida como as atividades materiais e intelectuais exercidas pelo homem
que contribuem à transformação da realidade social. in wikipédia http://pt.wikipedia.org/wiki/Pr%C3%A1xis ). Como qualquer prática restrita a um
determinado grupo estas devem ser feita e executadas dentro deste grupo, pois
fora delas deixam de fazer sentido, e é o que acontece quando se faz Praxe
"fora de portas" e se mostra à restantes pessoas um conjunto de
praticas que nunca experimentaram (de ter experiência) ou vivido e passam de
algo com um sentido a humilhação, é evidente que não incluo neste conjunto de
práticas todos os exageros que são um comportamento desviante e que devem ser
tratados como tal, ao nível médico, civil e criminal.
Assim sendo A
PRAXE só faz sentido de estudante para estudante, ou seja só faz sentido de que
a viveu para quem a quer viver, e aqui podemos aflorar outra questão polémica.
Os anti-praxe, pessoas que recusaram a Praxe, que defendem a diferença e a
igualdade direitos mas à sua maneira. Estes senhores que descriminam sem olhar
a meios deveriam estudar a lição e reler (ou ler pela primeira vez na
esmagadora maioria dos casos, estes sim defensores da igualdade dos homens como
Rousseau, Engels, Marx, por exemplo...) talvez poderiam tornar-se de facto mais
humanos e deixar de lado os pequenos livrinhos vermelhos traduzidos do
cantonês... Haverá algo de mais igual que abolir a diferença proporcionada pelo
berço com uma vestimenta igual, desprovida de qualquer diferença além da do
mérito RESPECTIVA INSÍGNIA, sim estou a falar do trajo académico?
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