quarta-feira, 23 de julho de 2008


Após esta introdução tenho de falar um pouco de mim, pois o que me legitima a fazer este compilar de ideias e vivência é o facto de me ter dedicado a esta causa durante mais de 16 anos, sim 16... Dos quais durante 9 fui o representante máximo da Mui Nobre Casa onde entrei, ENGENHARIA. Fui DUX-FACULTIS de ENGENHARIA durante 9 anos e tive de comandar o destino da tradição nesta Casa. Tive de tomar decisões, o que não está ao alcance de todos, infelizmente, dado que implica assumir a responsabilidade dos seus actos algo que hoje em dia e neste país está em desuso rápido. Fui nomeado (e não eleito, explicarei isso mais tarde) na minha 7ª matrícula, fazendo de mim um dos DUXES nomeados mais cedo e estive durante este tempo sendo um dos que estiveram mais tempo no cargo. Deixei de estudar activamente cedo pois tive de trabalhar para me "sustentar", e não, não sou um cábula como dizem, mas isso não interessa, quem anda na FEUP sabe o que lá pode acontecer nesta "democracia" onde a "igualdade" é tão importante. Poderão achar o meu discurso amargo, mas não é, é apenas desiludido por não ter tido direito à diferença.
A minha saída deveu-se a um conjunto de factores relacionados com uma decisão que a maioria achou errada, pois isto não foi feito para maiorias, a Tradição Académica é elitista, não tivesse ela herdado e sido criada numa elite (elite intelectual). E não é democrática, pois a democracia nada tem a ver com mérito, pois a Praxe no estado puro defende o mérito, ao contrário do que dizem os detractores, podemos ver que existem uma diferenciação positiva entre os que conseguem seguir o curso e tenham obtido sucesso académico e o que não o fizeram. A questão dos VETERANOS deve-se apenas a uma "coisa" que existe em qualquer comunidade, seja ela humana ou não, há uma natural prevalência dos que têm mais experiência e que estejam mais tempo, pois estes são os únicos a defender e transmitir devidamente as experiências da mesma comunidade e evitar a repetição de erros - chama-se TRADIÇÃO. Estes factores fazem com que a Tradição Académica (Praxe) tenha sobrevivido ao longo dos tempos sendo sempre vista como um contra-poder dado a sua estruturação e eficiência em se renovar. É verdade, durante o estado novo era um "antro comunista" e a partir do dia 25 de abril de 1974, apenas com a mudança de calendário passou a ser um "antro reaccionário". Tudo muda para se manter na mesma e a verdade é que tudo mudou para se manter na mesma, quer na Praxe, quer no que está à sua volta, apenas cresceu um aproveitamento comercial dado a sua dimensão.
Mas voltando à exposição de idéias, a Praxe tem uma vertente pequena mas muito visível e polémica chamada "Recepção ao caloiro" (caçoada ao caloiro, gozo ao caloiro, etc...), esta vertente polémica deve-se ao constante desvirtuar e exposição destas prácticas - PRAXE (PRAXIS (leia-se prácsis), do grego πράξις, é o processo pelo qual uma teoria, lição ou habilidade é executada ou praticada, se convertendo em parte da experiência vivida. Na Sociologia pode ser resumida como as atividades materiais e intelectuais exercidas pelo homem que contribuem à transformação da realidade social. in wikipédia http://pt.wikipedia.org/wiki/Pr%C3%A1xis ). Como qualquer prática restrita a um determinado grupo estas devem ser feita e executadas dentro deste grupo, pois fora delas deixam de fazer sentido, e é o que acontece quando se faz Praxe "fora de portas" e se mostra à restantes pessoas um conjunto de praticas que nunca experimentaram (de ter experiência) ou vivido e passam de algo com um sentido a humilhação, é evidente que não incluo neste conjunto de práticas todos os exageros que são um comportamento desviante e que devem ser tratados como tal, ao nível médico, civil e criminal.
Assim sendo A PRAXE só faz sentido de estudante para estudante, ou seja só faz sentido de que a viveu para quem a quer viver, e aqui podemos aflorar outra questão polémica. Os anti-praxe, pessoas que recusaram a Praxe, que defendem a diferença e a igualdade direitos mas à sua maneira. Estes senhores que descriminam sem olhar a meios deveriam estudar a lição e reler (ou ler pela primeira vez na esmagadora maioria dos casos, estes sim defensores da igualdade dos homens como Rousseau, Engels, Marx, por exemplo...) talvez poderiam tornar-se de facto mais humanos e deixar de lado os pequenos livrinhos vermelhos traduzidos do cantonês... Haverá algo de mais igual que abolir a diferença proporcionada pelo berço com uma vestimenta igual, desprovida de qualquer diferença além da do mérito RESPECTIVA INSÍGNIA, sim estou a falar do trajo académico?

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