Sobre
a humildade e a humilhação. A linha que separa a humildade da humilhação é
muito ténua, é do senso comum que qualquer acto de humildade descontextualizado
passa imediatamente a humilhação. Por exemplo aquando da ordenação de padres
eles devem estar deitados de barriga para baixo perante o altar, símbolo da
presença divina na Terra. Imaginem este acto fora da cerimónia e noutro local
público. Bem temos um acto de humildade profundo transformado numa humilhação
sem limites. Pois bem, todo e qualquer rito de iniciação deve ser devidamente
contextualizado, quer nos locais, quer quanto a quem assiste. Todos estes
elementos deverão estar de qualquer modo relacionados com quem os pratica e
deverão destinar-se apenas a esse universo. Outro tipo de humildade que passa a
humilhação é a solidariedade ou falta dela. Pois bem quando se assume uma
liderança, há que ser humilde e praticar a humildade sob pena de se ser
humilhado pela falta de solidariedade que possa advir. O oposto também é
devido. Isto é, quem assume um líder tem de ser humilde o suficiente para
seguir a sua orientação e acatar as suas decisões, mais ainda quando for
chamado para participar nelas e não o tenha feito, sob pena da sua arrogância
levá-lo à humilhação dum déspota deposto. É evidente que assim não há sistema
que funcione. Nos dias que correm terá de se verificar uma adaptação e temos
dois caminhos, ou o sistema adapta-se às pessoas ou as pessoas adaptam-se ao
sistema. O primeiro está fora de questão, fica então a segunda possibilidade,
que é as pessoas adaptarem-se ao sistema, sob pena de destruírem uma riqueza
chamada tradição. E a responsabilidade reside em que entra, que tem de saber
entrar, quem está que tem de velar pela continuidade, mas também em quem saí
que terá de saber desligar e sair mantendo o cordão umbilical ligado mas apenas
para uma ligação momentânea e de vigilância com uma vertente essencialmente
pedagógica.
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