Dado
o que tem acontecido nos últimos tempos (anos) quem tem estado ligado ao
fenómeno da manutenção e preservação de tradições (no nosso caso da tradição
académica) vê-se confrontado com o antagonismo da realidade e das regras
ancestrais. Pois bem, dado que a tradição académica, vulgo Praxe, é um processo
evolutivo feito por pessoas inteligentes e cientes do mundo que as rodeia, é
necessário fazer alguns acertos. A prova que estamos perante um processo
inteligente e evolutivo é comprovado com a criação em Coimbra dum código de
praxe, qual alegoria aos diversos códigos civis, mais não é que um repositório
de regras comportamentais que será cimentados pela cultura e educação dos que a
elas aderem. No entanto padecemos dum fenómeno cultural bem enraízado na
história portuguesa cuja melhor descrição podemos encontrar na Obra épica
denominada "Os Lusíadas" - os velhos do restelo. De facto temos no
nosso meio um conjunto de indivíduos cuja ligação à realidade é no mínimo
duvidosa e cujo comportamento fere de morte tudo o que é por eles dito e
defendido. A Praxe dos nossos dias não pode, dada a realidade actual dos
cursos, manter uma visão desadequada se bem que correcta em termo tradicionais
mas completamente desprovida de aplicação real. Então nesse contexto a visão de
que veteranos devem estar à frente dos processos, que doutores só podem ser
"praxados" por doutores com pelo menos mais duas inscrições
(perpetuando o estatuto de semi-puto ad eternum) é de todo
descabido e passo a explicar a minha visão dada a minha experiência como alguém
que esteve, fez e teve de decidir. A figura de veterano, como aquele que tem
mais uma inscrição que a necessária para acabar o curso, e (no mínimo) grelado
e reconhecido como tal pelos seus pares (este é o factor mais importante de
todos), está em vias de extinção. Os curso à italiana (Bolonha) não permitem tal situação, então somos
deparados com uma nova realidade, primeiro é necessário recrutar e fazer
crescer os doutores mais capazes mais rapidamente e criar uma figura de
Veterano "Obrigationis Causae" que em
conjunto com os mais velhos e mais esclarecidos, experientes e próximos da
realidade (obriga à presença nos respectivos orgãos duma forma assídua) poderão
preservar a tradição à luz desta nova realidade "bolonhesa". Devemos
então ignorar os "velhos do restelo"? A resposta é não, senão iríamos
contra tudo o que defendemos, o que devemos fazer é colocá-los no lugar a que
pertencem como repositório de recordações, que possuem conhecimento de outros
tempo, sabem como se faziam as coisas e poderão fornecer pistas para um
comportamento correcto. Só poderão ser sujeitos à devida referência se a ela
tiverem mérito pelo seu comportamento. Tudo o que estiver fora destes limites
deverá ser devidamente filtrado. Devemos respeito a quem nos respeita, devemos
honrar a quem nos souber honrar, devemos protecção a quem nos proteger. A Praxe
é recíproca e bidireccional. SIMPLES.
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