segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Quem sabe e Quem faz


Dado o que tem acontecido nos últimos tempos (anos) quem tem estado ligado ao fenómeno da manutenção e preservação de tradições (no nosso caso da tradição académica) vê-se confrontado com o antagonismo da realidade e das regras ancestrais. Pois bem, dado que a tradição académica, vulgo Praxe, é um processo evolutivo feito por pessoas inteligentes e cientes do mundo que as rodeia, é necessário fazer alguns acertos. A prova que estamos perante um processo inteligente e evolutivo é comprovado com a criação em Coimbra dum código de praxe, qual alegoria aos diversos códigos civis, mais não é que um repositório de regras comportamentais que será cimentados pela cultura e educação dos que a elas aderem. No entanto padecemos dum fenómeno cultural bem enraízado na história portuguesa cuja melhor descrição podemos encontrar na Obra épica denominada "Os Lusíadas" - os velhos do restelo. De facto temos no nosso meio um conjunto de indivíduos cuja ligação à realidade é no mínimo duvidosa e cujo comportamento fere de morte tudo o que é por eles dito e defendido. A Praxe dos nossos dias não pode, dada a realidade actual dos cursos, manter uma visão desadequada se bem que correcta em termo tradicionais mas completamente desprovida de aplicação real. Então nesse contexto a visão de que veteranos devem estar à frente dos processos, que doutores só podem ser "praxados" por doutores com pelo menos mais duas inscrições (perpetuando o estatuto de semi-puto ad eternum) é de todo descabido e passo a explicar a minha visão dada a minha experiência como alguém que esteve, fez e teve de decidir. A figura de veterano, como aquele que tem mais uma inscrição que a necessária para acabar o curso, e (no mínimo) grelado e reconhecido como tal pelos seus pares (este é o factor mais importante de todos), está em vias de extinção. Os curso à italiana (Bolonha) não permitem tal situação, então somos deparados com uma nova realidade, primeiro é necessário recrutar e fazer crescer os doutores mais capazes mais rapidamente e criar uma figura de Veterano "Obrigationis Causae" que em conjunto com os mais velhos e mais esclarecidos, experientes e próximos da realidade (obriga à presença nos respectivos orgãos duma forma assídua) poderão preservar a tradição à luz desta nova realidade "bolonhesa". Devemos então ignorar os "velhos do restelo"? A resposta é não, senão iríamos contra tudo o que defendemos, o que devemos fazer é colocá-los no lugar a que pertencem como repositório de recordações, que possuem conhecimento de outros tempo, sabem como se faziam as coisas e poderão fornecer pistas para um comportamento correcto. Só poderão ser sujeitos à devida referência se a ela tiverem mérito pelo seu comportamento. Tudo o que estiver fora destes limites deverá ser devidamente filtrado. Devemos respeito a quem nos respeita, devemos honrar a quem nos souber honrar, devemos protecção a quem nos proteger. A Praxe é recíproca e bidireccional. SIMPLES.

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